Quer fazer parte do Cria?

Ciclo I – 10 meses a 2 anos
Ciclo II – 2 anos a 4 anos
Ciclo III – 4 anos a 7 anos

*utilizamos como critério o processo
de desenvolvimento de cada criança.

Turno manhã
8h às 14h (ampliado)
8h às 12h (parcial)

Turno tarde
11h às 17h (ampliado)
13h às 17h (parcial)

Ciclo IV – Fundamental

Anos iniciais* –  6 a 8 anos

Turno único
9h às 16h

Proposta Pedagógica

A proposta pedagógica do Espaço Cria é uma construção própria, concebida a partir de diversas referências que apontam na direção de uma visão de mundo holística, do reconhecimento da potência criativa da criança, da conquista da autonomia através da aprendizagem significativa e contextualizada, da relação dialógica entre educador-educando e do entendimento de que a natureza é educadora e é o território da infância. Para nós, cada criança é um indivíduo único e deve ser tratada como tal. Não investimos em padronizações escolares convencionais de idade, séries, aulas e gênero. O que nos importa são as necessidades do educando, descobrir e encorajar suas aptidões e potencialidades, além de apoiar a superação de desafios e compreensão de limites.

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Acreditamos no respeito à Cultura da Infância, nas brincadeiras, no ócio criativo, na aprendizagem personalizada que se dá no tempo de cada um. Uma vez disponibilizado um grande leque de atividades – expressão corporal, música, arte, literatura, linguagem, teatro, esporte, cultura popular, culinária, história, geografia, matemática, ambientes lúdicos, jogos, permacultura, entre outros –, todas com o acompanhamento de profissionais especializados, cabe à criança escolher qual atividade quer realizar e interagir com a mesma, se autocriando a partir desta relação. Este respeito ao interesse da criança, aliado à preservação dos valores humanos e acordos sociais nos quais acreditamos, dá a dimensão prática da autonomia defendida pelo Espaço Cria – uma autonomia responsável e investigativa, e em alguns momentos direcionada pelo educador, que possui um papel de apoiar a criança nas suas múltiplas necessidades e acompanhar a sua curiosidade de conhecer o mundo.

Neste sentido, nos organizamos em Ciclos multietários, organizados de acordo com a fase de desenvolvimento das crianças, de forma que há diversidade e riqueza de trocas entre crianças de idades diferentes. 

Nossa proposta pedagógica se fundamenta em referências diversificadas, que vêm de teóricos e educadores como Winnicott, Célestin Freinet, Jean Piaget, Maria Montessori, Emmi Pikler, Rudolf Steiner, Vigotsky, Johann Pestalozzi, Loris Malaguzzi, Humberto Maturana, Paulo Freire, Maria Amélia Peo, Rubem Alves, Manoel de Barros, Lydia Hortélio, Tião Rocha, Ana Thomaz, entre outros. 

Podemos dizer, no entanto, que temos duas grandes inspirações principais: uma é o educador português José Pacheco, co-fundador da Escola da Ponte (Portugal) e mentor de diversos projetos no Brasil e no mundo, que está desenvolvendo novas construções sociais de aprendizagem através das Comunidades de Aprendizagem e da Metodologia de Trabalho de Projeto.

A outra é @Educação Viva e Consciente, movimento fundado pela educadora uruguaia Ivana Jauregui, co-fundadora da Escola Inkiri de Piracanga (Bahia) e da Escola Ayni (Rio Grande do Sul), que nos traz um olhar sensível para as necessidades das crianças em si e das crianças que habitam dentro de cada adulto, propondo ferramentas de auto-observação e auto-conhecimento que ampliam a nossa consciência para uma educação onde não se reproduza padrões limitantes. Para além disso, a Educação Viva e Consciente também traz ferramentas para a atuação dos educadores e propostas para ambientes educativos.

O Espaço Cria foi pensado como um ambiente de conexão, onde o aprendizado se dá pela troca de experiências, ideias, gostos e sonhos. O nome “Espaço” convida todos a se sentirem pertencentes a este território – físico e emocional. É essencialmente um espaço de criação de nós próprios E “Cria” por acreditarmos que a criança possui um potencial criativo inato, e que é papel da escola acompanhar os aprendizados fundamentais para a convivência humana em sociedade e nutrir a inspiração e desejo de transformá-la para melhor.

Como o cria se organiza?

No Cria, as crianças não são divididas em séries. Aqui, elas também não assistem a aulas. Mas, então, como funciona? Em vez de séries, temos Ciclos multietários e, no lugar das aulas, oferecemos ambientes preparados e convites.

> A multietariedade é um dos princípios organizadores do nosso ambiente educativo. Não separamos as crianças por idades, pois entendemos que a idade não determina o estágio de desenvolvimento de uma pessoa e também por acreditarmos que a convivência entre crianças de diferentes faixas etárias promove um enriquecimento da vida escolar. Com oportunidade de socializarem no mesmo espaço, elas se relacionam e aprendem a conviver com as demandas diferenciadas umas das outras, desenvolvendo um sentido de união, cooperação na diversidade, equidade e solidariedade.

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No Cria, cada Ciclo acolhe crianças de idades diferentes que têm afinidades em suas necessidades de desenvolvimento, sendo este o critério principal para determinar se uma cria está em um Ciclo ou em outro. O Ciclo I acolhe crias de aproximadamente 10 meses a 2 anos; o Ciclo II recebe crias de aproximadamente 2 anos a 4 anos; o Ciclo III compreende crias de aproximadamente 4 anos a 7 anos; e o Ciclo IV (Fundamental) inclui crias de aproximadamente 6 anos a 8 anos. É essencial esclarecer que estes parâmetros etários não são estanques, ou seja, são referências que precisam ser contextualizadas a partir do olhar sensível para cada criança.

> Outro pilar da nossa proposta pedagógica é a “autoeducação”. Segundo essa perspectiva, a criança possui em si os ingredientes necessários para construir seu conhecimento e se tornar atuante e crítica, desde que receba os estímulos adequados. Para tanto, cada Ciclo possui o que chamamos de “ambiente preparado”, um espaço planejado e composto para atender as necessidades das crianças, despertar a curiosidade e estimular a autonomia.

No Espaço Cria, a criança é coautora do seu percurso de aprendizagem e é ela quem vai explorar o ambiente para fazer suas próprias descobertas, mediadas pela presença asseguradora e dos educadores. Por isso, é importante que a criança se movimente dentro do espaço que ocupa na escola e seja livre para escolher os brinquedos, utensílios e materiais que lhe interessam. O ambiente é pensado e organizado para que ela descubra seu ritmo intuitivamente e possa externar seus anseios sem medo. Este respeito ao interesse da criança, aliado à preservação dos valores humanos e acordos sociais nos quais acreditamos, dá a dimensão prática da autonomia defendida por nós – uma autonomia responsável e criativa.

Os materiais de cada ambiente estão dispostos de maneira que as crianças tenham acesso a todos os recursos disponíveis para exploração com responsabilidade. Nada mais natural do que manter os objetos de uso ao alcance das crianças para que possam interagir com eles, de acordo com seus interesses, sem necessitarem da “permissão ou mediação” constante de um adulto. A criança aprende a forma de usar aquele material e, ao terminar de brincar, é ensinada a devolvê-lo ao seu local de origem. A organização do espaço (externo) ajuda a organizar (internamente) as crianças. Elas também aprendem a esperar quando o material está sendo utilizado por outros. A autonomia é um processo construído de dentro para fora da criança. Para que este processo seja possível, é necessário que os adultos confiem que as crianças são capazes de construir, buscar, descobrir, aprender e enfrentar desafios – além de pedir ajuda quando sentirem necessidade.

Outra característica de um ambiente preparado é a qualidade da relação dos educadores com as crianças, sendo necessário que este seja um ambiente relaxado e afetivo. É preciso que os educadores falem baixo, se comuniquem com as crianças descendo até a sua altura, se conectando pelo olhar, fazendo gestos suaves e claros, tendo uma escuta ativa e oferecendo limites firmes e gentis.
Através dos Ciclos, dos ambientes preparados e de outras estratégias que vamos compartilhando com vocês, a nossa proposta pedagógica se organiza como objetivo viabilizar o desenvolvimento infantil, respeitando o ritmo e as preferências de cada criança!

Educadores

“Educadores devem ser jardineiros pacientes, que providenciam os cuidados básicos, o amor e a segurança para deixar a natureza seguir seu curso, não como carpinteiros, que trabalham a madeira bruta para que ela fique da forma desejada”

Alison Gopnik

Consideramos que a tarefa do educador da primeira infância é como a de um jardineiro. Para acompanhar uma criança é preciso grande tato e delicadeza. Um encontro que acontece de forma horizontal e tem como base uma relação de afeto, confiança e respeito mútuos. Devemos recordar que a educação dos primeiros anos de vida tem importância para toda a nossa existência. Sendo assim, servimos à vida.

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Um dos principais pontos a ser considerado é o silêncio. A habilidade do educador em não interferir vem como todas as outras, com a prática, mas não com a mesma facilidade. Nós, adultos, somos ruidosos. Nossa energia tem um poder que desconhecemos. Em comparação com a energia das crianças, podemos dominar o ambiente, desconectando a criança do seu sentir, do seu processo interno, numa fração de segundos. Consciente disso, no Cria, o educador assume novas posturas diante da criança:

– A primeira é a de guardião. Nesta condição, o educador garante tempo e espaço de qualidade para a criança brincar e se desenvolver integralmente. Estabelece vínculos, acredita que a criança é um ser competente e assegura espaço para a sua expressão lúdica.

– A segunda postura é a de guia ou tutor. O educador disponibiliza seu repertório, propõe, mas não impõe. Desenvolve olhar e escuta sensíveis para observar cada criança, seus interesses e habilidades e trazer desafios para o seu desenvolvimento: seja através da construção de projetos, seja com novas brincadeiras ou novos materiais, auxiliando na ampliação do repertório de aprendizagem cognitiva, cultural, emocional, artística e ética de cada criança (personalização do aprendizado).

– A terceira postura é a de observador. Neste papel, o educador preserva a construção da autonomia, acompanhando o processo de cada criança, observando como cada uma aprende a aprender, isto é, quais são as dinâmicas que cada criança desenvolve para superar seus desafios e potencializar suas conquistas. Além disso, o educador também cuida para que as crianças manejem seus próprios conflitos, assegurando que elas tenham espaço para se expressarem com espontaneidade e respeito.

– A quarta postura acontece quando o educador dá um contorno ou limite, interferindo diretamente na dinâmica das crianças. Neste lugar, o educador assume a responsabilidade de coordenar a harmonia dos ambientes e das relações, ajudando as crianças a compreenderem e respeitarem as regras de convívio.
Neste papel, o educador também realiza a contenção das crianças diante de um conflito, cuidando da segurança física e emocional das mesmas.

– A quinta postura é a de ser uma referência de presença, não apenas de corpo, mas também energeticamente. Para isso o educador precisa estar alinhado com o seu próprio pensar, sentir e agir. Se o educador não for uma referência de conexão com a sua potência/presença, jamais poderá ajudar uma criança a estar na sua própria potência/presença. É preciso se trabalhar internamente, reconhecer suas crenças limitantes e liberá-las para que o olhar para as crianças esteja o mais desapegado possível destas crenças e, assim, se faça possível enxergar o Ser da criança. É preciso saber como “não atrapalhar”, ou seja, não gerar imposições, expectativas, comparações, condicionamentos, julgamentos e classificações em relação a forma de ser de cada criança. É preciso saber desaprender para reaprender a cada novo encontro, estar aberto para a vida que se apresenta a cada dia.

– A sexta postura do educador é a de conectar o interesse e a criatividade de cada criança com a solução de problemas reais do mundo. Para isso, o educador precisa colocar as crianças em contato com as questões sociais, ecológicas e econômicas latentes na nossa sociedade, a fim de que elas mesmas escolham quais temas lhes são afetos e se engajem em projetos que prototipem soluções concretas.

– A sétima postura é saber utilizar a tecnologia à serviço da educação. Assim o educador pode ajudar as crianças a, por exemplo, criarem vídeos, fotografias, jogos; pode passar um filme para debate, pode usar um aplicativo (de música, arte), pode incentivar pesquisas na internet, entre outras ferramentas que não substituem o vínculo humano, mas que podem ampliar as possibilidades de interação das crianças com o mundo tecnológico que as rodeia, desde que haja contexto para tal.

Também temos a presença dos Inspiradores, educadores que têm habilidades e conhecimentos específicos e que vivem, trabalham e respiram esses seus dons e inspiram as nossas crias com suas atividades. Nossos Inspiradores, hoje, atuam nestas áreas: yoga, arte, música, cultura popular, teatro, circo, contação de histórias griô e permacultura. Eles têm o papel de ampliar o repertório das crianças, tecendo uma relação de confiança e intimidade, através de convites que são feitos a elas para participarem das suas atividades. Há uma troca permanente dos Inspiradores com os Educadores de cada Ciclo para mapear quais interesses das crianças estão mais vivos e, assim, realizar um trabalho em conjunto.

Aqui no Cria TODOS são educadores, visto que todos os adultos, direta ou indiretamente, se relacionam com as crianças e são fontes de exemplos e referências para elas. Temos muitas famílias que fazem parte da equipe, além de parceiros do entorno da escola. A nossa visão é a de que o mundo é uma grande escola e que é necessária uma comunidade para educar uma criança.

Alimentação

A alimentação saudável é um dos pilares do Espaço Cria. Acreditamos que as crianças precisam de alimentos ricos em vitaminas e nutrientes, livres de químicas e agrotóxicos para nutrir seus corpos em desenvolvimento.

Além disso, temos como propósito da escola a conexão com a natureza, que não acontece só através do brincar, mas também das nossas escolhas diárias nos pratos. Por todas essas razões, damos preferência a alimentos orgânicos, que compõem grande parte do nosso cardápio. Também organizamos um rodízio de frutas entre as famílias e pedimos a elas que priorizem escolhas orgânicas.

E nossa relação com o alimento e com o alimentar-se abrange também aspectos cognitivos, sensoriais, motores, culturais e, especialmente, AFETIVOS <3.

Todos os dias temos o momento da fruta, quando as crias entram em contato com alimentos in natura, experimentam novos sabores, ampliam o paladar e o vocabulário, aprendem a cortar, cooperar, compartilhar, entre tantas outras habilidades.

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Na hora do almoço as crianças têm a oportunidade de praticarem todas essas habilidades e também a autonomia. A partir do Ciclo II, são elas que fazem seus pratos, escolhem o que querem comer, se querem repetir. E mesmo as menores têm liberdade para comerem sozinhas e escolherem entre os alimentos oferecidos.
Os educadores estão sempre ali, presentes e atentos para auxiliar quem precisa, mas respeitando o tempo de cada um, bem como seus sinais de saciedade.
Nossa comida é feita por cozinheiras que também são educadoras e se relacionam com as crianças, nutrindo-as com muito amor.
Temos diversas oportunidades no nosso dia a dia para as crias se envolverem com a horta, com as galinhas, com o preparo do alimento. Saberem de onde vem sua comida, todo processo até o alimento chegar ao prato, estarem conscientes do que estão comendo, presentes e conectados com seus corpos na hora da refeição, tudo isso é educação.

Inspirações

Cultura popular . permacultura . marcenaria . música  . circo . história griô .  artes . yoga

A proposta pedagógica do Espaço Cria é uma construção própria, concebida a partir de diversas referências que apontam na direção de uma visão de mundo holística, do reconhecimento da potência criativa da criança, da conquista da autonomia através da aprendizagem significativa e contextualizada, da relação dialógica entre educador-educando e do entendimento de que a natureza é educadora e é o território da infância. Para nós, cada criança é um indivíduo único e deve ser tratada como tal. Não investimos em padronizações escolares convencionais de idade, séries, aulas e gênero. O que nos importa são as necessidades do educando, descobrir e encorajar suas aptidões e potencialidades, além de apoiar a superação de desafios e compreensão de limites.

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Acreditamos no respeito à Cultura da Infância, nas brincadeiras, no ócio criativo, na aprendizagem personalizada que se dá no tempo de cada um. Uma vez disponibilizado um grande leque de atividades – expressão corporal, música, arte, literatura, linguagem, teatro, esporte, cultura popular, culinária, história, geografia, matemática, ambientes lúdicos, jogos, permacultura, entre outros –, todas com o acompanhamento de profissionais especializados, cabe à criança escolher qual atividade quer realizar e interagir com a mesma, se autocriando a partir desta relação. Este respeito ao interesse da criança, aliado à preservação dos valores humanos e acordos sociais nos quais acreditamos, dá a dimensão prática da autonomia defendida pelo Espaço Cria – uma autonomia responsável e investigativa, e em alguns momentos direcionada pelo educador, que possui um papel de apoiar a criança nas suas múltiplas necessidades e acompanhar a sua curiosidade de conhecer o mundo.

Neste sentido, nos organizamos em Ciclos multietários, organizados de acordo com a fase de desenvolvimento das crianças, de forma que há diversidade e riqueza de trocas entre crianças de idades diferentes. 

Nossa proposta pedagógica se fundamenta em referências diversificadas, que vêm de teóricos e educadores como Winnicott, Célestin Freinet, Jean Piaget, Maria Montessori, Emmi Pikler, Rudolf Steiner, Vigotsky, Johann Pestalozzi, Loris Malaguzzi, Humberto Maturana, Paulo Freire, Maria Amélia Peo, Rubem Alves, Manoel de Barros, Lydia Hortélio, Tião Rocha, Ana Thomaz, entre outros. 

Podemos dizer, no entanto, que temos duas grandes inspirações principais: uma é o educador português José Pacheco, co-fundador da Escola da Ponte (Portugal) e mentor de diversos projetos no Brasil e no mundo, que está desenvolvendo novas construções sociais de aprendizagem através das Comunidades de Aprendizagem e da Metodologia de Trabalho de Projeto.

A outra é @Educação Viva e Consciente, movimento fundado pela educadora uruguaia Ivana Jauregui, co-fundadora da Escola Inkiri de Piracanga (Bahia) e da Escola Ayni (Rio Grande do Sul), que nos traz um olhar sensível para as necessidades das crianças em si e das crianças que habitam dentro de cada adulto, propondo ferramentas de auto-observação e auto-conhecimento que ampliam a nossa consciência para uma educação onde não se reproduza padrões limitantes. Para além disso, a Educação Viva e Consciente também traz ferramentas para a atuação dos educadores e propostas para ambientes educativos.

O Espaço Cria foi pensado como um ambiente de conexão, onde o aprendizado se dá pela troca de experiências, ideias, gostos e sonhos. O nome “Espaço” convida todos a se sentirem pertencentes a este território – físico e emocional. É essencialmente um espaço de criação de nós próprios E “Cria” por acreditarmos que a criança possui um potencial criativo inato, e que é papel da escola acompanhar os aprendizados fundamentais para a convivência humana em sociedade e nutrir a inspiração e desejo de transformá-la para melhor.

PASSEIOS

Passeios ou Ampliação de Território é uma experiência de aprendizado para além dos muros da escola. A prática de passeios, saída de campo, ou Ampliação de Território como estamos chamando no Cria, é uma prática frequente na educação das crianças.

Célestin Freinet, o educador francês, desenvolveu a prática da aula-passeio com o objetivo de ampliar a visão de mundo dos estudantes e consequentemente ampliar o espaço/território de aprendizagem. Freinet teve razões muito próprias para praticar as aulas-passeio, ainda assim, a prática se transformou em dispositivo pedagógico.

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Assim também na Metodologia de Trabalho de Projeto, uma das bases do nosso trabalho com os Ciclos III e IV no Cria, esta prática é fundamental. Na MTP o passeio atende ao currículo comunitário e promove o aprendizado de muitos conhecimentos.
A Ampliação de Território, como estamos chamando, gera autonomia na vivência de situações reais demandando novas responsabilidades das crianças e permitindo que descubram suas próprias capacidades em situações desconhecidas. Oportuniza ampliar o campo das investigações, chegando a descobertas múltiplas, inesperadas e interessantes. Além de privilegiar o encontro com o outro de maneira diferente daquela do dia-a-dia na escola, promovendo uma troca afetiva e tomada de consciência de valores sociais importantes para a vida de todos nós.

Tudo começa no interesse das crianças e no convite dos educadores a conhecer algo significativo. A experiência tem início bem antes da saída quando planejamos onde ir entre coordenação e educadores e em seguida, com as crianças.
É preciso toda uma preparação para o caminhar no espaço externo com segurança. E para isso, combinados e acordos são feitos no círculo de acolhimento, quando as crianças chegam no Cria. Ali surgem as hipóteses, as experiências reais vividas pelas crianças com suas famílias e em seguida os acordos e combinados.

Já durante o trajeto percebemos a riqueza da experiência diante das necessidades surgidas. Na chegada ao destino, surge a curiosidade e também a impaciência, quando nem sempre é possível que tod@s participem ao mesmo tempo. Mas asseguramos sempre que ninguém fique de fora.

Na volta para a escola, seguimos com atenção e com a experiência e o conhecimento adquiridos na prática.
Ao longo do tempo, vimos que um dos nossos objetivos, criar a cultura do passeio e do andar pela rua com atenção e responsabilidade, foi se realizando de forma consistente. Foi bonito de ver as crianças cada vez mais atentas ao entorno e interagindo de maneira consciente .

Na chegada de volta à escola, chegam também as observações e as trocas. Algumas vezes chegamos com presentes recebidos na padaria, ou na horta comunitária. Daí para a utilização dos presentes, massa de pão e ervas, e então para o registro da experiência, do registro para o círculo de fechamento do dia.

Ao longo do tempo vimos o quanto esta prática contribuiu com elementos disparadores de projetos. As crianças chegavam cheias de perguntas e com muita curiosidade sobre o que viram, ouviram e sentiram.
Visitamos do Cerro Corá, a comunidade vizinha à escola, à praia de Ipanema; passando pela padaria artesanal, o Largo do Boticário, a horta comunitária e a feira orgânica da General Glicério, além de exposições e passeios mais longos.
Por fim, partilhamos o que consideramos a coroação do ano de 2019 em termos de passeio. Com a chegada do calor, o Ciclo III manhã quis ir à praia, e diante da destreza que tinham adquirido nas experiências vividas, os educadores propuseram a ida por transporte público. Foram de ônibus e metrô, e só encontraram caminhos abertos, cortesia e cuidado por onde passaram. Ao sair do metrô um funcionário conduziu o grupo até a saída correta, ao chegar na praia, salva-vidas e mesmo comerciantes locais vieram apoiar e dar orientações cuidadosas para as crianças. Na volta para a escola, de roupa trocada, organizados e calçados, as crianças e educadores entraram no ônibus e seguiram direto. Atrás do ônibus estava um homem admirado. Ele disse: “Que maravilha! Crianças na rua! Nunca mais tinha visto crianças em grupo nas ruas”. O homem ouviu um pouco sobre a nossa prática e ficou encantado.
O educador Tião Rocha diz que temos que devolver as ruas para as crianças. Nossa ousadia de acreditar que o mundo é uma escola, nos fez ir além dos muros, como Freinet. Assim, mais do que tudo, estamos devolvendo as crianças às ruas, e ajudando a tornar as pessoas mais cuidadosas e confiantes que uma outra educação é possível e porque não, uma outra sociedade!

Brincar para aprender

Aqui no Cria, brincar é sinônimo de aprender. Nossa motivação é reconhecer na criança um educador. Validar o saber original que reside na criança é revelar, compreender e afirmar que existe uma Cultura da Infância, por essência criativa e inventiva, tendo como maior expressão o ato de brincar. Acreditamos que a criança não brinca de ser, ela é. A brincadeira é a linguagem de conhecimento que tem para explorar o mundo e expressar a sua alma infantil.

A brincadeira é um espaço para explorar sentimentos e valores, assim como para desenvolver suas habilidades. Surge de objetos estruturados (ex: bonecas) e não estruturados (ex: gravetos) disponibilizados para as crianças. A partir da brincadeira, observamos que a exploração e a sequência lúdica dependem, única e exclusivamente, de cada criança ou, por vezes, de um grupo de crianças dispostas a compartilhar o brincar.

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O brincar é oportunidade de desenvolvimento para a criança, o caminho natural para conhecerem e aprenderem sobre o mundo, através de uma experiência concreta que faz sentido para elas. A partir do sentimento que aflora em cada brincadeira, a criança elabora sua autonomia de ação e organiza suas emoções, faz a leitura do mundo e aprende a lidar com ele, recria, repensa, imita. Desenvolve, além de aspectos físicos e motores, aspectos cognitivos, bem como valores sociais, morais, tornando-se cooperativo, sociável e capaz de escolher seu papel na sociedade.

Nosso foco está nas relações que o brincar desperta na criança, fomentando a sua curiosidade, possibilitando que ela conheça seus interesses e expresse suas necessidades. É na brincadeira que a criança se depara com os seus limites internos, com os limites entre ela e o outro/mundo e com o ambiente, aprendendo a medida desta relação. Com um olhar sensível e afetuoso para cada criança, identificamos a necessidade de cada uma e encorajamos suas aptidões e potencialidades. Numa visão geral, nossa meta é que a criança atue a partir da presença e da conexão com ela mesma, com o impulso criativo que a faz se relacionar com o mundo.

Para que esta “pedagogia da presença” se concretize é necessário haver um cuidado com as relações, pois só há aprendizado onde há vínculo/afeto. É papel do educador trabalhar estas relações na prática com as crianças para que o aprendizado aconteça de forma contextualizada e conectada com a vida. Para tal, desenvolvemos projetos e fazemos convites a partir de temas que emergem do brincar e da curiosidade inata, criando uma costura entre o mundo interno da criança e o mundo da cultura humana.

Natureza Educadora

“a substância do brincar é
a alegria e a natureza é seu território primordial”. 

Lygia Hortélio

Um dos princípios orientadores do Espaço Cria é ter a natureza como educadora. Só é possível cuidar daquilo que conhecemos. Se as crianças não tiverem contato com a natureza, como vão desenvolver o vínculo necessário para ter cuidado com ela? Nosso espaço é repleto de árvores, pássaros, macacos, insetos, frutas e diariamente convivemos com o sol, vento, chuva, frio, calor e peculiaridades de cada estação. Acreditamos que a criança que convive com o meio natural e desenvolve afinidade em relação à natureza aprecia e zela pelo mundo à sua volta porque o respeita e o reconhece como seu ambiente de pertencimento.

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A educadora-ambientalista Léa Tiriba chama a atenção para a importância de “desemparedar” as crianças e jovens, permitindo que eles se relacionem com os elementos do mundo natural, para que possam realizar plenamente seu potencial indo ao encontro de sua própria natureza.

A natureza externa se comunica com o corpo e com a alma imaginativa das crianças, que ficam relaxadas e confortáveis para revelar suas naturezas internas. Os elementos naturais nutrem a imaginação infantil e garantem a exploração criativa: quando as crianças encontram um galho, para umas ele se torna uma espada, para outras uma varinha mágica, para outras um rabo e, assim, os arquétipos humanos vão sendo expressados. Ao observarem as árvores, animais e outros elementos da natureza percebemos que as crianças experienciam a contemplação do belo – são momentos de calma, reflexão e admiração. Na natureza as crianças têm um brincar mais sensorial, corporal, ativo, livre, imaginativo, criativo, contemplativo, investigativo e explorador.

Além disso, o acesso à natureza aumenta o equilíbrio e a autorregulação e permite que a criança aprenda a assumir e manejar os próprios riscos. A criança que brinca ao ar livre aprende a avaliar e a correr riscos, cair e levantar, se machucar e persistir desde cedo, na interação com o ambiente. E, dessa forma, a criança chegará à vida adulta mais confiante e resiliente, capaz de lidar com as adversidades da vida.

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